Shellscript

Argumentos de linha de comando

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Última atualização: 2022-06-12

Quase todos os programas com interface por linha de comando oferecem uma série de parâmetros que permitem modificar o comportamento do programa. Esses argumentos podem ser opções selecionáveis ou parâmetros posicionais.

Por exemplo, o comando ls oferece opções como:

As opções podem exigir que valores sejam fornecidos, como a opção -w do ls, que exige o número de colunas que terá a saída do comando (ex.: ls -w 40, onde a saída do ls terá, no máximo, 40 colunas).

Além das opções, podemos passar parâmetros posicionais. No caso do ls esses parâmetros são os padrões para selecionar arquivos, por exemplo, ls a* c*.

Parâmetros Posicionais

Podemos acessar os parâmetros posicionais utilizando $<NUM>. O primeiro parâmetro posicional é o ${1}, o segundo parâmero é o ${2}, e assim por diante. Note que você pode acessar o parâmetro sem o uso de chaves, por exemplo $3, no entanto, ao não utilizar as chaves você só poderá acessar até o nono parâmetro posicional.

Podemos utilizar qualquer tipo de substituição permitido pelo shell ao acessar os parâmetros posicionais. Por exemplo, um programa que aceita um parâmetro posicional que se não utilizado assume um valor padrão, utilizaria ${1:-DEFAULT} para obter o valor do primeiro argumento.

O exemplo abaixo mostra um exemplo disso:

#!/bin/sh

echo "Olá, ${1:-Mundo}!"

Acho executar esse script apenas com script, o resultado será Olá, Mundo!, se passarmos um argumento posicionar, por exemplo script John, o script utilizará o valor passado (no exemplo, Olá, John!).

O número de parâmetros posicionais pode ser obtido utilizando $# e a lista de parâmetros pode ser obtida com $@.

O parâmetro ${0}, representa o comando utilizado para executar o script. Se o script for executado como ./script.sh param1, o valor de $0 será ./script.sh, se for executado como /home/usuario/bin/script.sh param1, o valor será /home/usuario/bin/script.sh, se for executado como bash script.sh, o valor será script.sh. Em resumo, o valor de ${0} mostra o caminho utilizado para a execução do script.

Processando um parâmetro por vez

Quando temos uma lista de parâmetros posicionais de tamanho indeterminado, por exemplo, no caso de uso do script ser usage: script FILE..., podemos processar os argumentos, enquanto eles existirem.

while [ -n "${1}" ]
do
    echo "${1}"
    shift 1
done

O comando shift remove elementos da lista de parâmetros posicionais.

Com o código abaixo, poderiamos processar pares de parâmetors em um script do tipo usage: script CHAVE VALOR ...

# verifica se o número de parâmetros é par.
if [ $(($# % 2)) -ne 0 ]
then
    echo "É necessário um número par de parâmetros."
    exit 1
fi

while [ -n "${1}" ]
do
    echo "CHAVE: ${1}    VALOR: ${2}"
    shift 2
done

Parâmetros como “Opções”

Todos os parâmetros de um script shell são posicionais, porêm, podemos alterar o processamento desses parâmetors para tratar os parâmetros posicionais como opções.

O comando getopts OPTSTRING VAR pode ser utilizado para processar opções a partir dos parâmetros posicionais do script.

Quando executado, o getopts coloca o nome da opção em VAR, e se ela recebe um argumento, o valor do argumento pode ser acessado com ${OPTARG}.

A opções válidas são definidas em OPTSTRING, por exemplo getopts "abc" OPT aceita as opções -a, -b e -c, e irá atribuir a opção encontrada a variável OPT. Para que uma opção aceite um valor como argumento, utilizamos :, como em getopts "a:bc" OPT, que aceita as opções -a ARG, -b e -c.

A variável OPTIND é inicializada com 1, e esse valor é incrementado a cada novo argumento analisado. Podemos mesclar opções e parâmetros posicionais, utilizando shift e OPTIND.

Veja um exemplo:

#!/bin/sh

while getopts "a:bc" OPT
do
    case "${OPT}" in
        a) echo "Argumento: ${OPTARG}" ;;
        b | c) echo "Flag: ${OPT}" ;;
    esac
done

shift $((OPTIND - 1))

echo "Parâmetros posicionais: ${@}"

Experimente executar esse script utilizando dash t.sh -a AAA -b -c -b file file.

Exemplo de uso do getopts

Neste exemplo, são mostradas algumas técnicas de aplicação do getopts para o processamento de argumentos de linha de comando, incluindo o uso dos parâmetros como um array de elementos, o que requer o uso de uma versão um pouco mais recente do bash.

O uso de arrays não está disponível em alguns shells POSIX, como o dash, que é o shell padrão de algumas distribuições Linux, por exemplo, o Debian. Nesses casos, para o uso de arrays, é necessário instalar o bash e forçar seu uso a partir da definição do interpretador do script (hashbang/”#!”).

#!/bin/bash

# Program: parameters.sh

usage() {
    cat<<EOF
usage: parameters.sh [-h] [-i VALOR] [-v|-vv|-vvv] POSICIONAL...

Opções:

    -i VALOR      Uma opção que aceita um valor como parâmetro.
    -v            Uma opção que aceita contagem de vezes que aparece.
    -h            Uma opção que pode ou não ser utilizado.

    POSICIONAL    Parâmetros posicionais.
EOF
}

VERBOSE=0
FLAG=0
unset VALUE

while getopts "hi:fv" OPT
do
    case "${OPT}" in
        h) usage && exit 0  ;;
        f) FLAG=1 ;;
        i) VALUE="${OPTARG}" ;;
        v) VERBOSE=$((VERBOSE + 1)) ;;
        *) echo "ERRO: Opção inválida: ${OPT}" && exit 1 ;;
    esac
done

# Usando um "array" com as opções posicionais.
POSICIONAIS=(${@:OPTIND})

echo "Número de parâmetros posicionais: ${#POSICIONAIS[@]}"
echo "Parâmetros: ${POSICIONAIS[@]}"
echo "Primeiro parâmetro: ${POSICIONAIS[0]}"

# usando as opções com ${1}
shift $((OPTIND - 1))
echo "Número de parâmetros posicionais: $#"
echo "Parâmetros: $*"
echo "Primeiro parâmetro: ${1}"

[ -z "${VALUE}" ] && echo "VALUE: (null)" || echo "VALUE: ${VALUE}"
echo "Número de 'v': ${VERBOSE}"